De quem é a culpa?

A culpa? A culpa eu tenho certeza de quem é!

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homem tampando o rosto

Ela é do imperador, do rei, do governo, do presidente, do ministro, do governador, do deputado, do prefeito, do vereador, do delegado, do chefe, dos colegas de trabalho, da esposa, do marido, dos filhos, do irmão, do tio, do primo, do pai, da mãe, da família, dos invejosos, do patriarcado, das feministas, da elite, de quem tem poder, de quem não se importa, de quem não segura a porta, de quem deixa a toalha na cama, de quem não levanta para eu sentar, de quem estaciona na vaga de deficiente.

Ela é do branco, do negro, do rico, do pobre, da mulher, do homem, das celebridades, dos desconhecidos, do vizinho, do síndico, da sogra, do sogro, do ignorante, do intelectual, do bullying, dos ambientalistas, dos politicamente corretos, dos terraplanistas, dos globalistas, dos cientistas, do globalismo, da esquerda, da direita, do centro, dos indecisos, dos que tem certeza.

Dos que comem carne, dos veganos, dos que amam cachorro, dos que não gostam de animais, dos direitos humanos, da impunidade, dos imigrantes, dos preconceituoso, dos preguiçosos, dos coachs, dos empresários, do policial, da favela, do povo, dos colonizadores, dos colonizados, das religiões, dos religiosos, do ateu, dos que não tem opinião, dos que opinam para tudo, dos bichos de estimação, do choro do bebê no avião.

Certeza que é do caixa da padaria, do garçom, da aeromoça, do comissário de bordo, do falso amigo, do motorista do ônibus, do jardineiro, dos preços, da inflação, da classe média, da classe alta, dos países desenvolvidos, do capitalismo, do socialismo, do capital, dos justiceiros sociais, do comunismo, do budismo, do fascista, do liberal, do conservador, do anarquista, intolerante, do tolerante, do Karl Max, do Adam Smith, da ganância, da desigualdade, da meritocracia, do poder, do imperialismo, do colonialismo, da escravidão, dos homossexuais, dos assexuados, dos tarados.

Mas talvez seja também do funk, da MPB, da música!, dos velhos costumes, do crime, do assaltante, de quem dirige devagar, de quem dirige rápido, de quem reclama na internet, de quem não reclama, das ONGs, das grandes empresas, de quem não trabalha, de quem só trabalha, de quem não respeita o próximo, de quem educa, de quem deixa de educar, dos influenciadores, da mídia.

Não vamos esquecer de quem não fala a verdade, de quem só fala a verdade, de quem é sincero demais, de quem omite a verdade, de quem não me dá o valor que mereço, da falta, da abundância, do conforto, da vida mansa, da depressão, da ansiedade, da falta de tempo, da falta de grana, do excesso de grana, de não ter o que fazer com tanto tempo, da vida corrida, do tédio, do estresse, da preguiça, do jovem, do idoso.

Sim, a culpa é deles! A culpa só pode ser de todos eles. Minha? Não! Minha não. E quem são eles? Ora, todos eles, menos eu. Não está claro?

Eu gostaria de poder fazer algo em relação ao meu destino, mas eles não deixam. Eles sempre estão lá, para me impedir. E como eu odeio eles, cada vez mais.

Eu gostaria de poder fazer alguma coisa, mas como, se tudo e todos estão contra mim? Ah! Se eles soubessem o que é ter todos contra você. Quem sabe eles me deixariam viver com um pouco de paz?

Quem sabe um dia eles não vacilam e me dão uma chance para que eu possa mudar pelo menos um pouco? Talvez um dia eu possa ser como eles. E aí? E aí que, nesse dia, eles vão se ver comigo. Se eles não me deram descanso, não sou eu que vou dar descanso a ninguém.

Assinado: você, eu e talvez todos eles.

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Bruno Barros